Alma dos Animais

A opinião geral é que os animais não têm uma alma, e assim, que eles são efêmeros. Segundo os ensinos teosóficos, um animal vai se dissolver numa alma coletiva (alma-grupo) depois da sua morte. Eu não acredito que um animal se dissolva numa alma-grupo. Essa suposição vem da convicção ocidental que os animais não têm uma alma, contrariamente ao ser humano. Os teósofos adotaram essa convicção, mas a atenuaram com o postulado de que existem almas-grupo, nas quais os animais se dissolvem depois da morte. Essas almas coletivas (espíritos coletivos, anjos coletivos, deidades animais) são, segundo os teósofos, imortais.

Eu não compartilho desse entendimento, que o aspeto astral dum animal se dissolva depois da morte. Eu sou da opinião que os animais são imortais desde o início, e que tudo o que vive é imortal, porque contém uma centelha de vida vinda de Deus.

Segundo os ensinos cabalísticos, grandes entidades de seres vivos são protegidas por anjos coletivos (anjos que protegem um certo povo etc.), para que esses anjos possam atuar como guardiões e advogados e, em caso de necessidade, possam exigir justiça de Deus. Nessa noção cabalística, não é possível que uma formiga encare e se defenda em frente de Deus direitamente, mas para o espírito coletivo das formigas é possível, sim. Também há anjos coletivos para os seres humanos: grupos religiosos, nações, povos etc. são acompanhados por um ser superior e protetor. É provável que os teósofos adotaram essa ideia cabalística para postular a teoria das almas coletivas.

Um livro excelente nessa área é do WILHELM OTTO ROESERMUELLER, "Überlebt ein fortgeschritten individualisiertes Tier seinen Tod?" – "Um animal suficientemente individualizado sobrevive a sua morte?" (comentário: infelizmente não há versão português ou inglês, mas há um livro sobre esse tema em português por ERNESTO BOZZANO, "A Alma dos Animais – Manifestações Metapsíquicas"). Em seu livro, ROESERMUELLER postula que os animais mais desenvolvidos – por exemplo, os mamíferos – sobrevivem no mundo do além como indivíduos. Nessa área existem vários relatos, especialmente relativos aos animais domésticos. Eu também posso adicionar uma experiência própria:

Kosi, o nosso cachorro (Ballabene)

"A minha mãe tinha um cachorro muito amoroso, ele se chamava Kosi. Eu o amava muito. Mas ele já era muito velho e sofreu de câncer. Ele sofreu muito e, por isso, ele foi sacrificado pelo marido da minha mãe, um veterinário. Assim, durante a sua morte, não havia pessoas que Kosi não conhecia e não havia uma cena emocionante. No dia depois disso, eu percebi Kosi como ele andou pela casa e ele ficou completamente confuso. Tudo era diferente para ele, ninguém pôde vê-lo, assim ninguém tomou nota dele e o mundo inteiro se tinha tornado incompreensível. Ele ficou perplexo. A situação era a mesma a qual, às vezes, pode ser observado em pessoas recém-falecidos: a confusão depois da morte."

Comentário por Corra: talvez, as experiências seguintes sejam indícios que também os animais menos desenvolvidos, como répteis e até insetos, têm uma existência individual astral (uma alma individual).

O meu encontro astral com um lagarto (Corra)

"Hoje de manhã cedo eu tive um pequeno encontro que eu quero contar para você. Eu estava numa viagem astral, mas semi-consiente e com interferências oníricas. No percurso dessa viagem astral, eu vi um lagarto sentado numa pedra – ou talvez era mais um tipo de dragão-barbudo – e, imediatamente, eu ganhei mais consciência. Eu fiquei tão feliz ao ver esse animal. Ele tinha uma cor castanha-avermelhada e preta e tinha o tamanho da minha mão. Eu me aproximei do animal e o perguntei se eu poderia tocá-lo. Primeiro, o lagarto estava tímido e recuou. Por isso, eu tentei fazê-lo entender – através das minhas emoções e da minha radiação – que eu não lhe faria nada mal e que eu simplesmente estava feliz e gostava dele.

Eu estendi a minha mão, e o lagarto se tornou mais confiante. Ele decidiu subir na minha mão. Eu levantei o lagarto e o tocei com cuidado. Evidentemente, ele sentiu que eu estava cheio de caridade para ele. Ele se enrolou confortavelmente na minha mão e permitou que eu o acariciasse nas suas costas escamosas. Obviamente, ele gozava disso. Até fechou os olhinhos pretos e brilhantes. Eu fiquei tão feliz, porque nunca tinha tido a oportunidade de tocar um tal animal – no mundo físico, isso dificilmente seria possível, se você não forçar o animal. Mas esse lagarto tinha subido na minha mão de modo completamente voluntário, porque aqui, no plano astral, era muito mais fácil que eu o fiz entender – por meio da radiação emocional – que eu somente tinha boas intenções.

Inclinei o meu rosto até que eu tocasse o lagarto com a minha bochecha, e eu lhe desejei dentro de mim: ‘a tua alma seja protegida por Deus e pela madrinha morte’. Então, o lagarto novamente abriu os olhos, estendeu a sua língua longa e, repetidas vezes, tocou a minha bochecha com ela, suavemente. Parecia que ele me beijou com carinho. Eu fiquei emocionada com esse gesto.

Depois, eu o pus na pedra onde ele tinha estado sentado antes, com cuidado. Eu deixei o decidir se ele gostasse de voltar para a sua pedra ou não. O lagarto subiu na pedra e depois ele olhou para mim de novo. Eu quis dar de comer a ele, mas antes que eu pudesse fazer isso, eu acordei.

Esse encontro foi tão lindo, e agora eu me pergunto se o lagarto era um animal astral real. Eu já encontrei vários aparências de animais nos meus sonhos e EFCs, mas eu penso que a maioria deles eram seres astrais que eu vi com interferência onírica, ou somente símbolos. Eu penso isso porque o meu estado de consciência era baixo nessas experiências, e porque o comportamento desses ‘animais’ não era natural. Mas havia algumas exceções nas quais eu acho provável que os animais, que eu encontrei lá, eram almas animais reais. Esse encontro com o lagarto também é uma dessas exceções, e eu suposto que o lagarto era uma verdadeira alma animal. Concluo isso por causa da interação, a qual era muito real, e também o comportamento do animal era tão natural. Ele se moveu e agiu como um animal real. Claro, não estou totalmente certa. Mas segundo os textos que eu li no livro de ROESERMUELLER, eu concluo que é possível que animais ‘menos desenvolvidos’ – não somente cachorros e gatos, mas também répteis e até insetos – podem existir depois da morte como almas individuais por algum tempo, antes que eles se dissolvam num tipo de alma coletiva. O que você acha?"

O escaravelho astral (Corra)

"Tive uma experiência na noite anterior, a qual talvez seja interessante para você. De novo, era um encontro com um animal. Eu estava numa viagem astral com interferência onírica, andando num campo totalmente lamacento. Eu cheguei a um rio e me lavei lá, porque as minhas pernas e os meus pés estavam sujos de lama. Quando eu me virei para trás, eu vi um escaravelho muito grande e preto sentado lá no campo. Eu não queria que alguém o esmagasse, então, eu tentei levá-lo para um lugar mais seguro. Assim, eu levantei o escaravelho na minha mão, o carregando para a beira do campo. Tinha que segurá-lo firmemente, porque ele era muito grande, cerca de 10 centímetros! Depois que eu o tinha levantado na mão, ele se defendeu fortemente, tentando se livrar. Eu fiquei surpreendida, porque esse animal pequeno tinha tanta energia. Ele era tão forte, assim que eu quase não conseguisse segurá-lo; ele sempre agitava as pernas com força e livrou-se várias vezes. Mas enfim, eu consegui levá-lo para a beira do campo, e o pus embaixo de algumas árvores.

O que era tão notável para mim era a força desse escaravelho. Eu nunca experienciei algo semelhante no astral (somente no mundo físico). Os escaravelhos que eu já encontrei em sonhos nunca se comportaram nessa maneira, e eu nunca percebi uma tal energia neles. Segundo as minhas experiências, construções psíquicas nos sonhos normalmente não se comportaram naturalmente - como esse escaravelho fez - e eles nunca foram tão perceptivelmente vivos. Claro, eu somente posso especular sobre isso – não estou certa se ele era um escaravelho astral real. Mas se ele fosse, isso seria um indício que até os escaravelhos têm uma alma que continua vivendo no mundo astral. Bem, pelo menos eu tinha a impressão – por causa da energia e vivacidade do animal, e por causa do seu comportamento natural – que eu tinha um ser vivo e real nas minhas mãos. Não parecia nada como uma forma de pensamento."

Os animais continuam se desenvolvendo, os animais "superiores" assim como os animais chamados "inferiores". A evolução é uma lei da natureza, não somente em relação à aparência, mas também em relação ao corpo astral, que é um veículo para a alma divina num plano de existência mais baixo (nesse caso, no plano astral).

No caso de animais muito desenvolvidos, pode ocorrer que eles ascendam para a existência humana. Eu já tinha uma viagem astral que conteve esse fenômeno e quero relatar essa experiência para concluir esse capítulo sobre almas de animais. Na biologia moderna, as cientistas reconheceram e provaram que a diferença entre os animais mais desenvolvidos (mamíferos e aves) e os seres humanos é, em relação à mente e à emoção, somente uma diferença pequena. A grande divisão entre o ser humano e a criação se tornou, por meio da ciência, numa transição fluente (veja as pesquisas sobre os bonobos).

O potro de burro que se tornou um ser humano (Ballabene)

"Eu estava numa rua de terra firme. A rua dava para um povoado, onde ela se tornou uma praça. Crianças estavam brincando em frente dum sítio pobre, o qual talvez tivesse trezentos anos, mas também pareceu como se ele pudesse originar de tempos mais modernos. Tudo parecia tranquilo e rural. Eu olhei para as crianças que estavam brincando lá. Percebi, entre elas, uma mulher com um potro de burro nos braços. Esse potro atraiu a minha atenção e eu o contemplei de todos os lados por algum tempo. Eu me lembro de todos os detalhes: o potro tinha uma aparência meio humana, meio animal. Era cor de rosa, delicado, e tinha o tamanho de uma criança com cerca de um ano de idade. Não tinha pelo. Os membros dele eram humanos, somente as mãos e os pés eram cascos moles com cor de carne. O rosto era quase humano, mas ainda tinha traços de burro. As orelhas eram longas, mas cor-de-rosa e quase sem pelo."

 

Descrição da evolução do animal para um ser humano - JAKOB LORBER (por Corra)

Nas suas revelações, JAKOB LORBER, um místico cristão do século XIX, também disse que os animais se desenvolvem e, enfim, se tornam seres humanos. Os escritos de JAKOB LORBER – ele acreditava que os manuscritos eram ditados por uma "voz interna", vinda do coração – foram publicados postumamente como "nova revelação". Se ele realmente fosse um "escriba de Deus" ou não, o que ele escreveu é muito semelhante aos reconhecimentos da ciências ocultas.

As revelações de JAKOB LORBER podem ser encontradas na internet. O texto seguinte é um excerto do "Grande Evangelho de João" 10, 185.

185. Exemplo de Unificação Animal

1. (O Senhor): “Viste como no final, o condor se apoderou do chacal que havia ingerido a gazela, levou-o a considerável altura de onde o deixou cair em solo pedregoso, ocasião em que esse animal feroz encontrou a morte. Em seguida, a ave de rapina levou sua presa em direção ao sul, onde existia seu ninho. Novamente a deixou cair porque não suportava mais o peso.

2. A presa bateu em uma rocha, para depois cair num desfiladeiro, no qual pastores árabes pastavam suas manadas. Não demorou perceberem o condor, inimigo das ovelhas, descer para buscar sua presa. Imediatamente atiraram suas flechas, sendo ele atingido por três pastores e apanhado como troféu vitorioso. O coitado do chacal está entre as rochas, até que outras aves de rapina o consumirão.

3. Agora observa diante da porta uma figura infantil, à espera de acolhimento em um ventre materno. Atrás dessa aparição psíquica vês uma figura luminosa. Trata-se de seu espírito, incumbido da encarnação, em ocasião oportuna, dessa alma ainda animalesca. Viste como dos três degraus anímicos, perfeitos, se bem que com milhares de preparativos, surgiu uma alma humana.

4. Será de sexo masculino, do qual se formará homem perfeito, caso for bem educado. A sutileza da gazela regerá o seu coração, a astúcia do chacal, a razão, e a força do condor, sua coragem e vontade. A tendência predominante será bélica que poderá ser moderada pelo sentimento e a prudência, e deste modo será útil seja qual for sua posição. Tornando-se guerreiro, terá sorte em virtude de sua coragem, entretanto será presa de outras armas.

5. A fim de que possas observar a criança desde o nascimento, teu vizinho será seu pai, no ano vindouro. Agora sabes de fatos que até hoje não demonstrei a quem quer que fosse … "

(link para o texto: Obras da Nova Revelação, p. 285-286)

 

 

© Alfred Ballabene (Viena) traduzido e complementado por Corra